O movimento expansionista português para o Norte de África, surgindo na continuidade da “Reconquista” na Península Ibérica, marca também o arranque da Expansão ultramarina, simbolizado na conquista de Ceuta. Esta ambivalência, aliada à circunstância de o «Algarve de Além-Mar» – Ceuta, Alcácer-Ceguer, Arzila e Tânger – desde cedo se ter perfilado no discurso oficial como espaço de eleição do espírito de cruzada, despojado de interesses mercantis, e como espaço de prolongamento do território nacional, contribui para imprimir uma carga mítica a esta vertente da expansão que, quase de poderia afirmar, se tem mantido até à actualidade.
Este projecto resulta de uma perceria entre o Centro de História de Além-Mar e a Universidade do Minho e centra o seu campo de investigação no Sul de Marrocos, região abarcando as actuais províncias de Doukkala, Abda e Suz, onde a presença portuguesa, começando pelo estabelecimento de feitorias nos finais do século XV, se traduziu pela ocupação de várias cidades ao longo do século XVI: Mogador, Santa Cruz, Safim, Aguz, Azamor e Mazagão.
Tendo em conta o estado do conhecimento histórico sobre o tema do movimento expansionista no Norte de África, a pertinência do seu estudo numa perspectiva de cruzamento de saberes e informação partilhada, entendeu-se estarem criadas as condições para aprofundar a investigação sobre esta vertente da expansão portuguesa em Marrocos.
Os eixos prioritários de pesquisa no mencionado âmbito cronológico e geográfico são:
- Domínio político português e o relacionamento com os poderes marroquinos;
- Dinâmicas económicas: corso, razias e resgates, tributação, comércio e artesanato;
- Quadro institucional;
- Estrutura social: a nobreza guerreira, renegados e mouros de pazes;
- A Igreja, a vida religiosa e as instituições de assistência social;
- Arquitectura e urbanismo das cidade portuguesas;
- Formas de habitar, cultura material e quotidiano das comunidades europeia e norte-africana nas cidades portuguesas;
Assim os principais objectivos do projecto são:
- Investigação, registo e estudo de vários aspectos do legado histórico resultante das relações entre Portugal e Marrocos entre os séculos XV e XVIII – fontes escritas, iconográficas e cartográficas, vestígios arquitectónicos e arqueológicos.
- Divulgação e partilha de informação entre investigadores portugueses e marroquinos, bem como toda a comunidade científica em geral.