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A missão arqueológica luso-marroquina resulta de um protocolo do CHAM e da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho com a Direction du Patrimoine Culturel, organismo do Ministério da Cultura do governo de Marrocos que tutela o património arquitectónico e arqueológico naquele país.
Válida por um período de cinco anos (2008-2013), renovável por igual extensão temporal, a missão prevê a realização de estudos arqueológicos em cidades e sítios de origem portuguesa na região marroquina da Doukkala-Abda, nomeadamente Safim, Azamor, El Jadida e Aguz.
Sintetizam-se aqui os principais resultados das campanhas realizadas até ao momento no âmbito desta missão, dirigidas por Azzeddine Karra e André Teixeira:
Safim - missão de 2012
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Os trabalhos de campo de 2012 centraram-se fundamentalmente na cidade de Safim, tendo ocorrido durante o mês de Julho. As intervenções tiveram como objectivo continuar a investigar os vestígios da catedral portuguesa, situados numa antiga saboaria (Dar Assaboun), e efectuar sondagens no interior do Castelo do Mar, um dos principais elementos do dispositivo defensivo da época portuguesa.
No Dar Assaboun identificaram-se estruturas em taipa e as fundações da antiga catedral, exumando-se um pequeno conjunto de artefactos datáveis do período português e pré-português. Numa pequena sondagem em profundidade foram detectados artefactos líticos pré-históricos.
No Castelo do Mar abriram-se duas sondagens: uma na área correspondente ao interior da capitania portuguesa, na qual foram identificadas estruturas e um conjunto de materiais datáveis do período pós-português e português; outra no interior da torre de menagem, permitindo entender os seus métodos construtivos e a sua evolução arquitectónica.
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Azamor - missão de 2011
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A quarta missão trabalho em Azamor decorreu durante o mês de Junho de 2011, com dois propósitos fundamentais: inventariar e estudar os materiais recolhidos na campanha anterior na zona Sul do actual núcleo urbano; continuar a investigação no Baluarte do Raio.
Em primeiro lugar, foi trabalhada uma grande quantidade de material cerâmico datável do período merinida, permitindo reunir importantes dados relativos à configuração da cidade em época medieval (ocupando espaço muralhado diferente da actual medina) e à sua produção oleira.
Em segundo lugar, comprovou-se a origem islâmica do Baluarte do Raio, recuperando-se estruturas e materiais medievais sob contextos de ocupação portuguesa.
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Azamor - missão de 2010
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A campanha arqueológica nesta vila decorreu durante todo o mês de Outubro, tendo dois objectivos essenciais: reconhecer a cidade islâmica pré-portuguesa, que descrições históricas caracterizam como grande porto nos séculos XIII e XIV; continuar a investigação no Baluarte do Raio.
Os trabalhos decorreram em duas áreas distintas da vila:
- Foram abertas duas sondagens a Sul do actual núcleo urbano, em área de baldio, junto aos vestígios revelados em prospecção de uma cortina de muralhas em taipa de tendência circular.
- Deu-se continuidade à limpeza do Baluarte do Raio e realizaram-se duas sondagens de diagnóstica junto às canhoneiras reveladas anteriormente.
No primeiro caso foi recuperada uma enorme quantidade de espólio cerâmico medieval, com alguns fragmentos evidenciando deformações de cozedura, sugerindo tratar-se de despojos relacionados com a existência de um forno. O material será objecto de registo aprofundado em próxima campanha.
No segundo caso comprovou-se que a torre portuguesa reaproveitou estruturas militares islâmicas preexistentes, efectuando-se o registo 3D dos paramentos revelados, através do software photomodeler, e recuperando-se artefactos relacionados com a utilização militar do recinto em época moderna. |
Safim - missão de 2010
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Os trabalhos arqueológicos na cidade de Safim decorreram durante o mês de Setembro, tendo como principal objectivo avaliar a existência de estruturas da antiga catedral portuguesa, no âmbito de um futuro projecto de valorização do monumento.
Foram efectuadas duas sondagens em habitação desocupada, uma antiga saboaria (Dar Assaboun), contígua aos vestígios arquitectónicos preservados do edifício religioso, que incluem a cabeceira e uma capela lateral.
Não obstante terem sido detectadas numerosas intrusões resultantes da ocupação intensa do espaço a partir de meados do século XVI, foram encontrados vestígios do antigo pavimento da catedral, composto por grandes lajes de arenito. Exumou-se nos níveis inferiores de uma das sondagens um pequeno conjunto de artefactos datáveis do período anterior à ocupação portuguesa, provavelmente remobilizados aquando da edificação do templo cristão. |
Azamor - missão de 2009
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Os trabalhos arqueológicos foram efectuados entre os meses de Setembro e Outubro e centraram-se na zona do antigo castelo português. Visaram compreender a evolução do antigo complexo palatino e de uma das principais estruturas militares portuguesas.
As intervenções decorreram simultaneamente em duas áreas do antigo castelo português:
- Três sondagens no recinto da capitania, o palácio residência dos capitães portugueses, com comprovada utilização em épocas posteriores;
- Limpezas no Baluarte do Raio, uma das principais peças arquitectónicas do sistema militar português e um do expoentes máximos da arquitectura militar manuelina.
No perímetro da capitania foi reconhecido o nível original de utilização de uma das alas do palácio português, foi reconhecida a instalação posterior de um edifício de cisterna e foram detectadas fossas detríticas em edifícios anexos e contíguos ao corpo principal do palácio. Estas últimas revelaram numeroso e bem conservado espólio arqueológico da época moderna, com numerosa cerâmica comum de uso quotidiano e exemplares importados (de que se destaca a colecção de cachimbos otomanos), bem como abundantes restos faunísticos.
Os trabalhos no Baluarte do Raio consistiram no início da limpeza da estrutura, cuja origem e funcionamento interno é ainda desconhecido, tendo-se detectado numerosas sobreposições e modificações de uma longa ocupação. |
Azamor - missão de 2008
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A primeira campanha de escavações arqueológicas em Azamor decorreu entre os meses de Junho e Julho de 2008. Os principais objectivos foram: a compreensão da evolução histórica da zona ribeirinha da vila e a avaliação do impacto e características da presença portuguesa, bem como a minimização de impactos de obras públicas e privadas.
Foram efectuadas quatro sondagens dentro do perímetro muralhado:
- Três junto à Porta da Ribeira do antigo castelo português, onde as fontes escritas localizam a feitoria e a alfândega;
- Uma no exterior da muralha do atalho, edificada pelos portugueses para reduzir o perímetro defensivo da cidade muçulmana preexistente.
Nas sondagens junto à Porta da Ribeira foram detectados dois níveis arqueológicos, resultantes de reformulações desta área em meados dos séculos XVIII (hipoteticamente relaciona com destruição aquando do terramoto de 1755) e meados do século XX. Os níveis mais antigos correspondem a espaços habitacionais e públicos e o espólio arqueológico incluiu: recipientes fabricados com pastas grosseiras para uso ao fogo, contentores fechados para armazenamento e grandes taças e pratos de pastas mais finas para utilização à mesa, como também materiais de importação (cachimbos em caulino, fragmentos de faiança portuguesa e de porcelana chinesa).
Na sondagem junto ao atalho foram reveladas as características desta estrutura defensiva, nomeadamente do pronunciado alambor, que marcaria acentuado desnível entre o espaço ocupado pelos portugueses (o castelo) e pelas demais comunidades (a medina). |
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