Do Banzo africano à Melancolia: uma leitura comparada entre Uma Negra Tatuada Vendendo Caju, e a Melencolia I
O banzo é um termo africano que pode ser entendido como a saudade da terra natal. Partindo da leitura de elementos iconográficos da aquarela de Jean Baptiste Debret, Uma Negra Tatuada Vendendo Caju, de 1827 propomos uma análise comparativa face à gravura Melencolia I de Albrecht Dürer de 1514, como pretexto para uma reflexão estética onde se plasmam contextos visuais, históricos e agendas sociais.
Teresa Lousa
Investigadora integrada do CHAM e Doutorada em Ciências da Arte e do Património (2013, FBAUL) com uma tese mais tarde publicada com o título: "Do Pintor como um Génio, na obra de Francisco de Holanda", onde desenvolve, entre outros aspectos, a faceta melancólica da personalidade artística na cultura tardo-renascentista. É Professora Auxiliar na FBAUL, onde leciona ao primeiro, segundo e terceiro ciclo de estudos, orientando teses nas áreas das Ciências da Arte, Pintura e Educação Artística. As suas áreas de especialidade são o Pensamento Artístico, a Teoria da Arte, o Património, as Representações Artísticas e os seus imaginários.
A distorção melancólica do tempo: Uma leitura de “Melancolia e Mania” de L. Binswanger (1960)
Em “Mania e Melancolia: Estudos fenomenológicos” (1960), L. Binswanger propõe-se aplicar a fenomenologia pura e transcendental de Husserl, aliada à analítica existencial de Heidegger, para elucidar o processo de “constituição de ser” (Seinsverfassung) ou constituição da objetividade da experiência nos pacientes psiquiátricos cujo diagnóstico corresponde à sintomatologia kraepeliniana da psicose maníaco-depressiva. Assim, a metodologia fenomenológica de Binswanger visa analisar as estruturas fundamentais do Dasein melancólico e do Dasein maníaco enquanto modos singulares de estar-no-mundo e de constituir o mundo, distinguindo-se, portanto, da fenomenologia descritiva de K. Jaspers que se concentra na apreensão empática das vivências subjetivas. Para Binswanger, o mundo melancólico revela, de forma proeminente, uma distorção da temporalidade, pois o sujeito perde o horizonte dos futuros possíveis e perde a mobilidade vetorial do presente orientado para os possíveis. O fluxo do tempo sofre uma dissolução através da estagnação e repetição do passado, exprimindo-se na lamentação melancólica retrospetiva e na censura auto-depreciativa.
Paulo R. C. Jesus
Frequentou Estudos Filosófico-Teológicos (ISET, Coimbra, 1992-1995), licenciou-se em Psicologia (FPCE-UC e UC Lovaina, 1995-2000) e doutorou-se em Filosofia com uma tese sobre “tempo e consciência” em E. Kant sob a orientação dos Professores F. Gil e J. Petitot (EHESS-Paris, 2000-2006). No âmbito dos seus projectos de pós-doc, dirigiu o Projecto “Poetics of Selfhood: Memory, Imagination, and Narrativity” (PTDC/MHC-FIL/4203/2012), tendo sido também visiting scholar nas Universidades de Columbia e de Nova Iorque (2007/08) e stagiaire post-doc no CREA-Polytechnique (Paris, 2009/10). É investigador do Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, estudando o funcionamento da memória, imaginação e consciência, sobretudo na filosofia moderna (entre Leibniz e Kant) e na fenomenologia hermenêutica da identidade narrativa e da intersubjetividade.
16h30 - Debate
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