A acédia: de pecado a sofrimento moral
O mal da acédia faz a sua aparição no quadro da teologia e da espiritualidade monástica da Igreja cristã do Oriente no final do século III. Definida por Cassiano como enfado do coração (taedium cordis), é um fenómeno complexo, em que o desânimo, a passividade, o vazio espiritual e o desespero se combinam com uma escolha deliberada de um caminho desviante. O acedioso cede à tentação do demónio da acédia, que move a vontade através do fascínio que os monstros interiores exercem sobre a sua mente fanasiosa.
De um pecado capital, um grave “vício do espírito” a acédia passará, na reflexão teológico-moral escolástica, a uma forma de tristeza.
Adelino Cardoso
Doutorado em Filosofia pela Universidade de Lisboa, é Investigador Integrado do CHAM – Centro de Humanidades. Os seus interesses de investigação distribuem-se pela filosofia moderna, pensamento português, fenomenologia, história e filosofia da medicina. Coordenou projectos interdisciplinares articulando nomeadamente filosofia, medicina, história e literatura: “Filosofia, Medicina e Sociedade” (2007-2011); “O conceito de natureza no pensameno médico-filosófico na transição do século XVII ao XVIII” (2012-2015) e “Arte médica e inteligibilidade científica na Archipatologia de Filipe Montalto” (2013-2015). Publicou um vasto número de artigos em revistas especializadas e vários livros, entre os quais, Leibniz segundo a expressão (1992), Fulgurações do eu. Indivíduo e Singularidade no pensamento do Renascimento (2002), Vida e percepção de si. Figuras da Subjectividade no século XVII (2008), Labirinto do eu (2019).
Imagens da Melancolia: do Impressionismo à actualidade
Mais do que um estado de espírito comum a tantos criadores, a Melancolia é também objecto de representação por parte de grandes artistas (muitos destes chegaram mesmo a relatar os sofrimentos causados por essa enfermidade). Nesta apresentação vamos percorrer e reflectir sobre algumas das imagens mais emblemáticas da Melancolia, do Impressionismo à Actualidade, concebidas por artistas como, Van Gogh, Gauguin, Munch, di Chirico, Beksinski, Samuel Bak, Ron Mueck, Lars Von Trier e Banksy: nomes inesperados mas ligados pelo estranho fio da melancolia que atravessa séculos da História da Arte.
Teresa Lousa
É Professora Auxiliar na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, docente do grupo de Ciências da Arte e do Património. É investigadora integrada do CHAM, do Grupo de Investigação Arte, História e Património. O seu tema de Doutoramento centrou-se na figura de Francisco de Holanda, a sua Teoria da Arte a Melancolia como característica do génio criador. Actualmente as suas áreas de investigação prendem-se comas relações entre Arte e Melancolia, Arte e Género, Arte e Educação, Imaginários Artísticos e Antropoceno, Museologia, Património e Arte-Terapia.
José Mikosz
Artista transmídia e professor. Investigador integrado do CHAM (Centro de Humanidades da Universidade NOVA de Lisboa). Pós-doutorado em Ciências da Arte e do Património com o tema "Arte Visionária e Psicodélica" na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, 2018. Doutorado no Programa de Pós Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina com a tese "Arte Visionária e Ayahuasca" (2009). Possui interesse de pesquisa na relação entre a pintura visionária e a pintura portuguesa contemporânea, bem como o pensamento contemporâneo luso-brasileiro em geral e a sua relação com a arte e a cultura. Professor Associado da UNESPAR. Editor da Revista Interdisciplinar Internacional de Artes Visuais - Arte&Sensorium. Membro do Conselho Consultivo do Centro de Pesquisa para o Estudo de Plantas Psicointegrativas, Arte Visionária e Consciência - WASIWASKA (Brasil). Associado do Núcleo de Estudos Interdisciplinares sobre Psicoativos - NEIP. Publicou vários artigos em revistas internacionais indexadas e apresentou várias conferências e exposições como no Brasil, Chile, Portugal, Bélgica, Espanha, Áustria, Inglaterra, Itália, França, Alemanha, EUA. Líder do projeto musical: Innominatus. Em 2022 inicia um novo pós-doutoramento na NOVA investigando o Realismo Fantástico na literatura de Carlos Castañeda e na pintura de Lima de Freitas.
16h30 - Debate
Sessão disponível na Canal YouTube do CHAM (web)
Comissão Organizadora
Adelino Cardoso (CHAM)
Teresa Lousa (CHAM)
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CHAM / NOVA FCSH