Programa já está disponivel.
Nas ilhas, a fusão do tempo e do espaço, gera um sentimento identitário muito forte. “Somos gente nascida na infância eterna da nossa ilha. (…) do cimo da ilha da minha infância, via-se o mar (…) parecia até não ter caminhos de ida nem de regresso” escreveu João de Melo (2016), fazendo notar que esta condição de ilhéu se revela ora encantamento, ora maldição, num (des)equilíbrio constante entre terra e mar ou mar e terra. No contexto atual de (pós) modernidade, importa discutir conceitos tais como (des) territorialidades, transitoriedades espaciais e não-lugares (Augé 1994) uma vez que contribuem largamente para a diversificação do processo de construção identitária.
O imaginário histórico-cultural do mundo insular alimenta-se, em grande parte, de memórias comuns que constroem a sua identidade (singular e coletiva). Resgatá-las e interpretá-las é um dos objetivos deste colóquio que pretende, em dois /três momentos, estabelecer diálogos, a partir de duas matrizes da alma do povo – a Religião e a Festa – que abrem caminho para o desenvolvimento do Turismo, motor da vida económica deste mundo das ilhas.
Igrejas, imagens e rituais revestem-se, então, de um sentido que ultrapassa o sagrado. Preservar e reabilitar esse acervo cultural e artístico é, pois, ativar as memórias e sedimentar as identidades, atribuindo-lhes novas significações e introduzindo uma nova forma de visualizar os bens de origem sagrada, secularizando-os enquanto objetos de consumo e abrindo outras portas para o Turismo.
De acordo com Paiva (2000), é imprescindível “situar o local (nacional ou regional) e assim contrariar as tendências de homogeneização e uniformização”. O choque de culturas (Huntington 1996) advindo da aproximação de diferentes grupos étnicos com culturas e religiões distintas produz um mosaico complexo que, embora nem sempre convergente, poderá e deverá ser palco de um diálogo profícuo.
O Colóquio realizar-se-á em dois momentos: na Madeira, em 2018 e nos Açores, em 2019, estando prevista a publicação dos trabalhos desenvolvidos.
As propostas de comunicação podem orientar-se nas seguintes temáticas:
Identidade cultural e diáspora;
Locais de fé e religiosidade - Imaginário histórico-cultural do mundo insular
O profano e o sagrado: A espiritualidade da festa e as suas manifestações artísticas;
Devoção, tradições e identidade;
Salvaguarda e reabilitação do património, móvel, integrado em espaços de Culto e de Fé: Contributos para a preservação da memória coletiva;
Turismo cultural e religioso;
Turismo literário, viagens e viajantes.
Comissão Executiva:
Cláudia Faria
Duarte Nuno Chaves
Graça Alves
Martinho Mendes
Comissão Científica:
Alberto Vieira
Ana Nolasco
Duarte Nuno Chaves
Isabel Soares de Albergaria
João Henrique G. Silva
João Paulo Oliveira e Costa
Leonor Sampaio da Silva
Margarida Sá Nogueira Lalanda
Margarida Vaz do Rego Machado
Mariano Gambin
Susana Serpa Silva
Susana Goulart Costa
Organização
CHAM / NOVA FCSHCEHA
Museu Arte Sacra Funchal
Call for papers (pt)(.pdf)
Call for papers (eng)(.pdf)
Programa | Programme(.pdf)