Nas monarquias ibéricas da época moderna, a cidade configurava-se como um espaço onde se encenavam as relações de poder e de negociação entre o soberano e as instâncias locais. A partir desta premissa, o presente evento pretende abordar o estudo das elites locais e dos representantes régios através de vertentes diversas, incidindo em especial nas suas relações com a economia. Pretende-se clarificar os processos e mecanismos através dos quais se conseguia começar a formar parte dos diferentes grupos de poder urbano e as suas implicações no plano económico. Propõe-se, igualmente, a possibilidade de estabelecer comparações entre casos diversos no âmbito dos impérios ibéricos, tendo em conta as convergências, mas também as diferenças, de modo a desvendar como se estruturaram e reproduziram os diferentes modelos e redes político-administrativas, assim como os seus respectivos agentes de poder em relação aos factores económicos. O campo concreto de observação poderá oscilar entre o âmbito local, distrital e regional e um plano mais globalizado, no intuito de poder avaliar de forma mais adequada o funcionamento do sistema social e político do Antigo Regime.
As propostas poderão articular-se em torno das seguintes linhas de investigação:
1. O processo de configuração das elites urbanas, com especial atenção às trajectórias traçadas por algumas linhagens ou famílias representativas e o estabelecimento das redes sociais e económicas, entendidas como formas de articulação entre os diferentes grupos que mantinham entre si vínculos relacionais ou de concorrência de interesses económicos e as diversas formas de gestão do património, com uma projeção à escala do reino, da comarca e a nível local.
2. Os perfis do pessoal que tentou e conseguiu aceder aos cargos chave da administração territorial e aos órgãos de representação monárquica, as formas de recrutamento, competências e alcances dos ofícios, com especial atenção às suas relações com outras elites sociais e económicas, de origem e natureza talvez distina, mas com as quais resultava inevitável estabelecer algum tipo de vínculo.
3. A configuração e mecanismos de controlo de alguns dos recursos da economia municipal e de gestão da fazenda municipal, assim como os possíveis elementos de tensão que poderiam gerar essas confluências de poderes e a incidência das modalidades que previsivelmente adoptou a corrupção.
Este evento faz parte do Projeto do Programa Estatal de Fomento à Investigação Científica e Técnica de Excelência MINECO (Governo de Espanha): Economía y Élites de Poder en la España Moderna (HAR2016-77305-P), do Departamento de Historia Medieval, Historia Moderna y Ciencias y Técnicas Historiográficas de la Universidad de Alicante, é organizado conjuntamente entre os grupos de investigação Configurações Políticas e Institucionais e Economías, agentes e culturas mercantis e a linha temática Cidades Globais do CHAM — Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e à Universidade dos Açores, o Area de Historia Moderna da Universidad de Alicante e o Centro de História da Universidade de Lisboa.
Comissão Organizadora
Mar García Arenas (CHAM – FCSH/NOVA-UAc)
Mª del Carmen Irles Vicente (UA).
Comissão Científica
David Bernabé Gil (Universidad de Alicante)
Francisco Zamora Rodriguez (CHAM — Centro de Humanidades da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e à Universidade dos Açores)
José Damião Rodrigues (Universidade de Lisboa)
Guadalupe Pinzón Ríos (Instituto de Investigaciones Históricas, Universidad Nacional Autónoma de México)
Oscar José Trujillo (Universidad Nacional de Luján)
Helen Osório (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
Silvia Espelt Bombín (University of Exeter)
Organização
CHAM / NOVA FCSH
CH / FL/UL
UA