O conceito de alienação mental surge, nos alvores da psiquiatria moderna, como uma das chaves para decifrar o enigma da loucura ou da desrazão. Mas, se tentarmos proceder a uma genealogia do conceito, é muito intrigante que a mesma palavra tenha servido, nomeadamente na literatura mística e de espiritualidade cristã, para designar o excessus da mente ou, o que é o mesmo, a mais arguta lucidez. Por que razão um mesmo vocábulo veio a significar realidades aparentemente tão díspares?
A sessão visa problematizar esta feição antinómica do conceito de alienatio mentis, colocando, em diálogo, textos médicos e literatura de espiritualidade de finais do período medieval. Partindo de uma análise do livro Bosco Deleitoso, procurar-se-á explorar o significado e alcance antropológico da noção de alienação, as suas variações de sentido, averiguando os motivos pelos quais o conceito foi apropriado quer pela tradição mística, quer pela psiquiatria. Entre outros textos, dar-se-á atenção, também, ao Horto do Esposo e ao Leal Conselheiro visando recriar este universo de sentido.
Coordenação
Adelino Cardoso (CHAM)
Nuno Miguel Proença (CHAM)
Organização
CHAM / NOVA FCSH
Seminário Permanente “Ciência e Cultura – Quebrar Fronteiras”