Nos mais de trezentos anos que nos separam da obra de G. W. Leibniz, a estética não é certamente o tema que mais tinta fez verter entre os intérpretes do seu pensamento. No que concerne o extenso e variado comentário à obra do autor hanoveriano, a estética não só aparece de modo pontual, como também de modo secundário.
Três problemas parecem estar na base desta ausência de interesse por uma possível estética leibniziana: i) a distância temporal que separa a filosofia leibniziana das teorias ditas "legitimamente" estéticas; ii) a consideração de que a estética não desempenha um papel estrutural na generalidade dos escritos leibnizianos; ou iii) a persistência de uma avaliação da dimensão estética do pensamento leibniziano fundada em conceções e categorias irremediavelmente estranhas ao corpus filosófico de Leibniz.
Estes três problemas suscitam, por sua vez, uma série de interrogações: o que deve ser entendido pela noção de estética? Constituirá a formalização histórica do conceito de estética um obstáculo intransponível para a interpretação de "possíveis estéticas" anteriores à mesma? Como poderá a noção de estética ser aplicada a sistemas filosóficos anteriores à sua consolidação conceptual?
Se, por um lado, é irrefutável a inexistência de uma teoria estética explícita nos escritos leibnizianos, por outro, parece ser igualmente manifesta a dimensão profundamente estética subjacente ao pensamento de G. W. Leibniz. Contudo, esta dimensão carece de um conceito de estética suficientemente abrangente de modo a possibilitar uma análise precisa da mesma. Que conceito será este? Partindo das questões enunciadas, este seminário tem por objetivo examinar qual a pertinência de uma interpretação estética da filosofia leibniziana, convidando ao diálogo e à reflexão comum sobre um tema passível de transcender qualquer sistema filosófico particular.