Ao procurar clarificar os modos do prazer e da dor, Leibniz encontra na perfeição o conceito-chave para a sua determinação. Segundo o autor, "o prazer é um sentimento de perfeição", assim como a dor é "um sentimento de imperfeição", desde que ambos constituam sentimentos suficientemente "notáveis" para que deles nos possamos aperceber.
Ora, tendo em conta que o sentimento é uma modalidade da expressão e dado que cada expressão particular é suscetível de um certo grau de perfeição, segue-se que deverá sempre existir um índice de prazer em cada expressão. Porém, será lícito concluir que existe uma imanência do prazer a cada expressão? Admitindo a existência de um sentimento permanente de prazer - mesmo que de intensidade variável - como explicar o sentimento de dor? Poderão o prazer e a dor coexistir num mesmo sentimento?
Partindo das conceções de prazer e de dor, este seminário propõe uma análise à noção leibniziana de inquietação e ao modo como esta parece possibilitar uma resposta às questões enunciadas. Anterior à própria aperceção, a inquietação não só denota a influência do prazer e da dor no que diz respeito ao estrato mais arcaico da atividade expressiva (a perceção natural), como também demarca a sua importância relativamente à finalidade da própria expressão (a saber, a expressão de Deus e do universo).
Compreender a especificidade do conceito de inquietação, identificando os seus pressupostos e as principais consequências que dele decorrem constitui assim o principal objetivo desta exposição.
Coordenação
Adelino Cardoso (CHAM)
Nuno Miguel Proença (CHAM)
Organização
CHAM / NOVA FCSH
Seminário Permanente “Ciência e Cultura – Quebrar Fronteiras”