
O psiquiatra Thomas Szasz escreveu que, de acordo com a definição materialista-científica de doença, uma doença é uma alteração patológica de células, órgãos ou tecidos e que, portanto, a doença mental não é uma doença real, mas sim uma metáfora, pois nenhuma biópsia ou necrópsia pode verificar ou falsificar os diagnósticos do DSM.
Szasz afirmou ainda que os comportamentos geralmente atribuídos a distúrbios mentais são mais provavelmente expressões de problemas na vida, e não doenças propriamente ditas. Finalmente, o psiquiátra húngaro-americano escreveu que o facto de diagnosticar e tratar metáforas como se fossem representações de realidades clínicas tornaria a psiquiatria uma pseudociência, como a astrologia ou a alquimia.
Partindo dessas afirmações instigantes, abordaremos o status metafórico da doença mental e, mais em geral, algumas propriedades das relações entre metáfora, conhecimento e pensamento científico na história da medicina abordando a mente, a memória e o inconsciente. Veremos como as metáforas, longe de meramente definirem inclinações pseudocientíficas, desempenham um papel muito relevante na produção de conhecimento dentro da investigação científica, ultrapassando a distinção entre linguagem, objetivismo e ontologia social.
Ora, tendo em conta que o sentimento é uma modalidade da expressão e dado que cada expressão particular é suscetível de um certo grau de perfeição, segue-se que deverá sempre existir um índice de prazer em cada expressão. Porém, será lícito concluir que existe uma imanência do prazer a cada expressão? Admitindo a existência de um sentimento permanente de prazer - mesmo que de intensidade variável - como explicar o sentimento de dor? Poderão o prazer e a dor coexistir num mesmo sentimento?
Partindo das conceções de prazer e de dor, este seminário propõe uma análise à noção leibniziana de inquietação e ao modo como esta parece possibilitar uma resposta às questões enunciadas. Anterior à própria aperceção, a inquietação não só denota a influência do prazer e da dor no que diz respeito ao estrato mais arcaico da atividade expressiva (a perceção natural), como também demarca a sua importância relativamente à finalidade da própria expressão (a saber, a expressão de Deus e do universo).
Compreender a especificidade do conceito de inquietação, identificando os seus pressupostos e as principais consequências que dele decorrem constitui assim o principal objetivo desta exposição.
Coordenação
Adelino Cardoso (CHAM)
Nuno Miguel Proença (CHAM)
Organização
CHAM / NOVA FCSH
Seminário Permanente “Ciência e Cultura – Quebrar Fronteiras”