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Seminário Permanente14.04.2025
Ciência e Cultura – Quebrar Fronteiras
14h30-16h30 | Biblioteca Nacional de Portugal Imaginação, ficção e as narrativas que nos tocam, por Nuno Miguel Proença (CHAM)

 

Ao fomentar a visão do que ainda não é, a imaginação propõe-nos uma variedade de figuras que constituem "experiências de pensamento" capazes de alterar as nossas representações do mundo e o sentido que damos às nossas vidas. Por ser capaz de suscitar e de reorganizar a vida afetiva que permeia as representações, as crenças, os hábitos e as disposições relacionais, a imaginação narrativa tem o poder de transformar as nossas existências individuais e coletivas por meio de inovações semânticas. Situando-nos em tempos e espaços passados ou possíveis, ela confere dimensões partilháveis ao potencial comum das nossas vidas e aumenta a responsabilidade de cada um pelos outros que evoca e convoca.

 

Por seu turno, as narrativas ficcionais, ao relatarem eventos ocorridos com outros possíveis - que podemos acolher em nós ou com os quais nos podemos identificar - ensinam-nos um vastíssimo leque de emoções e de motivações enraizadas no prazer e na dor, no sofrimento ou na fruição, abrindo-nos ainda à pluralidade das aspirações, dos valores ou dos ideais alheios que nós podemos ter em comum. Ensinando-nos o que podem ser a necessidade, o desejo, o prazer, o infortúnio ou a felicidade humana, a imaginação própria à ficção literária, teatral ou cinematográfica, tem sempre uma dimensão ética. Por essa razão, e apesar da sua aparente irrealidade, diremos que nos toca.

 

Esta sessão será uma oportunidade para interrogar as relações entre imaginação produtiva, ficção, afetividade e narrativa à luz de algumas teses presentes nas récem-publicadas Lectures on Imagination (University of Chicago Press, 2024) que Paul Ricœur proferiu em França e nos Estados-Unidos durante os anos de 1973 a 1975. Recorreremos também ao pensamento de Freud para esclarecer a relação entre ficção, alucinação e desejo e às hipóteses de Richard Kearney sobre a importância vital e ética de tocar e de ser tocado (Touch: Recovering our Most Vital Sense, Columbia University Press, 2021).

 

 

Coordenação

Adelino Cardoso (CHAM)

Nuno Miguel Proença (CHAM)

 

Organização

CHAM / NOVA FCSH

 

Seminário Permanente “Ciência e Cultura – Quebrar Fronteiras”