Código . PIRSES-GA-2012-31898
Início . 2012
Duração . 48 meses
Investigador Principal . Pedro Cardim (CHAM)
Website: https://cham.fcsh.unl.pt/BAHIA/BAHIA_home.html
Instituições
Entidade(s) Financiadora(s)
International Research Staff Exchange Scheme / Marie Curie ActionsUnidade de Investigação Principal
CHAM — Centro de HumanidadesInstituição Coordenadora
Universidade Nova de LisboaParcerias
École des Hautes Études en Sciences SocialesUniversidade Federal da Bahia
Bahia 16-19 é um projecto centrado na cidade de Salvador da Bahia e na sua relação histórica com o Atlântico. Reunindo investigadores de duas universidades europeias (Universidade Nova de Lisboa, Portugal; École des Hautes Études en Sciences Sociales, França) e de uma universidade brasileira (Universidade Federal da Bahia), o principal objectivo deste projecto é converter Salvador num estudo de caso das múltiplas interacções que tiveram lugar no espaço Atlântico, desde o início da colonização europeia até ao final do séc. XIX.
Capital do estado do Brasil entre 1549 e 1763, centro do comércio atlântico e, ainda, frente de territorialização, conquista e colonização, a cidade de Salvador da Bahia aparece a um tempo como uma cidade capital, uma cidade atlântica e uma cidade colonial. Símbolo de imperium, esta urbe é também o lugar de coexistência de várias populações, de interacções e de criação de mestiçagens. Considerando a cidade da Bahia para além das suas funções urbanas, através das suas práticas e representações, este estudo situa-se no cruzamento das problemáticas do funcionamento do império, neste caso, português, e da construção de novas sociedades além-mar.
A combinação de várias abordagens, e o esforço de contextualização que se pretende levam a considerar em conjunto os problemas de comunicação e de representação política, os processos de construção de identidades e de hierarquização da sociedade baiana, a circulação e a interacção de modelos políticos, sociais e culturais no seio do espaço imperial, ou ainda a relação entre as dinâmicas locais e imperiais. Importa encarar do mesmo modo as permanências e os novos arranjos estabelecidos no pós-independência que possibilitaram a continuidade do tráfico negreiro entre Brasil e África até 1850 e que marcaram fortemente os padrões sociais e culturais da Bahia.
Objectivos
Apoiando-se na importante renovação historiográfica destas últimas décadas sobre a América portuguesa, marcada tanto pela incorporação de uma perspetiva africana, quanto pela superação da relação dicotómica entre o Brasil e a metrópole, este projeto de investigação combina várias abordagens, cruza história cultural e história social dos poderes, entendendo contribuir para a história da Bahia durante o período moderno e colocar em contacto historiografias até agora separadas. Ao mesmo tempo, adoptar Bahia como tema de estudo permite instaurar uma pesquisa com uma forte dimensão comparativa e cruzada, tornando-se assim possível extravasar os estreitos limites das histórias coloniais nacionais.
Pretende-se, deste modo, levar a cabo uma abordagem que ponha em contacto distintas tradições historiográficas; uma abordagem que, sem deixar de ter em conta os quadros nacionais existentes no âmbito atlântico, privilegia as interacções e leva a cabo uma démarche transnacional; um estudo que permite a variação de escalas; por fim, uma abordagem que experimente a variação de pontos de vista, combinando – e confrontando – o olhar europeu com o americano e o africano. A Bahia afigura-se, de facto, como um excelente objecto de estudo, devido às múltiplas possibilidades de análise que esta cidade proporciona, quer em relação à história do Atlântico meridional, quer em relação às dinâmicas culturais e sociais na era posterior à independência. A partir do caso da Bahia, torna-se igualmente possível reflectir sobre o conjunto da experiência imperial/colonial portuguesa, contribuindo para o debate historiográfico recente sobre história dos impérios e história atlântica.