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Populações coloniais: um repositório para a demografia e a estatística do Império Português (1750-1890)
 

 

 

Início   .   2015
Duração   .   12 meses
Investigadora Principal   .   Paulo Teodoro de Matos (ISCTE-IUL)

 

Instituições

Entidade Financiadora

Fundação Calouste Gulbenkian
 

Unidade de Investigação Principal

CHAM — Centro de Humanidades

 

Parcerias

Arquivo Histórico Ultramarino / Instituto de Investigação Científica Tropical

 

 

O projecto pretende desenvolver um portal para divulgar, organizar e experimentar formas de tratamento agregado de estatísticas demográficas do passado do mundo lusófono, entre 1750 e 1890. É nosso objectivo criar um repositório digital de mapas e de fontes sobre população para todo o império, bem como desenvolver uma base de dados estatística, partindo de um estudo de caso sobre Angola. Estes dados têm sido pouco utilizados quer por estudos académicos, quer por instituições públicas ligadas ao desenvolvimento e à inovação. O acesso e o tratamento desta informação ajudarão a resgatar a memória de vários países de língua portuguesa e a consolidar o conhecimento das suas populações. A sua disponibilização e tratamento permitirão alavancar novos projectos e apoiar a produção de conhecimento em várias áreas científicas, permitindo ainda criar séries longas.

Parte das cerca de 1700 tabelas que irão ser tratadas é inédita, embora estas constituam as primeiras ordens de grandeza para o estudo da população em África, na Índia e no Brasil, sendo anteriores ao colonialismo britânico ou francês. No caso português, a existência de um significativo corpus de estatísticas da população ultramarina, desde meados do século XVIII, tem sido esquecida por historiadores, demógrafos e cientistas sociais. No entanto, a contagem das populações iniciou-se nos principais centros urbanos litorais logo no final do século XVII, tomando quer a forma de róis de baptizados, casamentos e funerais, efectuados pelas autoridades eclesiásticas locais, quer a de listas de soldados e homens em idade de recrutamento. Mais tarde, as contagens tomaram também a forma de róis com claros intuitos de controlo fiscal e alfandegário. Todas estas contagens eram de âmbito geográfico limitado, sendo produzidas com uma periodicidade muito irregular, sem obedecer a um padrão uniforme.

A grande mudança deu-se durante o consulado do marquês de Pombal, na segunda metade do século XVIII. O cômputo das populações afirmou-se como um processo inerente à gestão territorial e como um instrumento burocrático, político e fiscal, fazendo também parte de um novo paradigma político e de uma estratégia de afirmação de soberania. No quadro da Aritmética Política e do pensamento mercantilista a avaliação e contagem da população assumia uma importância crucial, servindo de suporte às políticas de ocupação do território, gestão das populações, exercício da fiscalidade, recrutamento militar e aproveitamento da mão-de-obra.

 

Objectivos

O projecto irá desenvolver uma plataforma digital de acesso livre para disponibilização e organização de informação estatística, em grande parte inédita, sobre as populações coloniais do Império Português (1750-1890), permitindo futuras actualizações e extensões do período histórico. Pretende-se reproduzir e organizar cerca de 1700 objectos digitais (mapas da população), que se encontram depositados no Arquivo Histórico Ultramarino. Esta informação servirá para desenvolver a base de dados “Counting Colonial Populations, 1776-1875”, permitindo associar as imagens dos documentos originais e desenvolver modelos de pesquisa mais avançados em termos de cronologia, toponímia, grupos sociais, étnicos e religiosos, e estruturas etárias da população. Esperamos que este repositório digital aberto sirva de paradigma para o desenvolvimento de novas investigações e metodologias.

Será ainda realizado um estudo de caso sobre Angola (1797-1834), alicerçado numa série consistente de mapas da população, que ajudará a avaliar futuras formas de replicação sistemática destes métodos para o conjunto dos territórios do império. Ao mesmo tempo, permitirá discutir formas de indexação da documentação histórica e das suas classificações. A recolha, tratamento e organização deste vasto conjunto de dados dará origem a um repositório digital de acesso simples, disponibilizando e partilhando dados informatizados com instituições, comunidades e investigadores. Dar-se-á, assim, a possibilidade para que se expandam estudos e estimativas mais específicas sobre as cidades e os campos, sobre as áreas urbanas e as áreas rurais, sobre o peso e distribuição da escravatura e sobre os estatutos, as classificações sociais, religiosas e étnicas. Ao trabalhar num projecto assente sobre a dimensão imperial, mas dividido pelos seus vários territórios, proporcionaremos também dados a futuras investigações centradas quer na comparação entre impérios europeus, quer na comparação entre os vários territórios ou áreas do império.

 

 

Equipa

 

 

 

Paulo Teodoro de Matos   .    Coordenador

 

Ana Canas (IICT)


Ana Cristina Nogueira da Silva (FD / NOVA)


Jan Kok (Consultor) (IISH)


Jan Lucassen (IISH)


Paulo Silveira e Sousa