Resumo
Apesar da restauração da sua independência, em 1640, Portugal permaneceu, ao longo da segunda metade de seiscentos, numa espécie de dependência cultural com Espanha, isolando-se das novas tendências musicais europeias. A subida ao trono de D. João V, em 1707, e os avultados rendimentos do ouro do Brasil, proporcionaram as condições para a absorção de uma nova vivência musical, marcada pela influência italiana, sobretudo da música religiosa romana, com a sua monumentalidade policoral. Uma das manifestações mais impressivas da acção cultural e religiosa de D. João V foi a construção do Real Palácio de Mafra, projectado para receber dois carrilhões e um conjunto de seis órgãos.
Na segunda metade do século XVIII, com a secularização da vida política e cultural, assistiu-se ao desabrochar da ópera, também ela de perfil italiano, com os respectivos teatros, nomeadamente a efémera Ópera do Tejo, o Teatro de S. Carlos, em Lisboa e S. João, no Porto. A influência da ópera italiana na música religiosa portuguesa do século XVIII foi de tal forma intensa que perdurou até à implantação do Liberalismo, quando o processo de laicização da sociedade portuguesa provocou um evidente prejuízo na máquina da música religiosa.
Isabel Albergaria Sousa
Doutorada em Musicologia Histórica pela Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, investigadora colaboradora do CESEM-NOVA/FCSH, professora de órgão no Conservatório Regional de Ponta Delgada, organista titular do órgão histórico da Igreja de S. José em Ponta Delgada e membro da Comissão para os Órgãos Históricos dos Açores.
Comissão Organizadora
Duarte Nuno Chaves (CHAM)
Organização
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