"Fomos ontem confrontados com a dolorosa notícia do falecimento de Juan Marchena Fernández, professor catedrático da Universidade de Pablo Olavide e Doutor Honoris Causa da NOVA.

O Professor Marchena revolucionou os estudos ibero-americanos e tornou a sua universidade numa plataforma de estudos ibero-americanos de excelência, tendo feito da NOVA, e especialmente do CHAM, o seu parceiro estratégico em Portugal. Os estudos pós-graduados em "Mundos Indígenas" dotaram uma plêiade de investigadores ibero-americanos de novas ferramentas para a compreensão deste nosso mundo global. Foi, por isso, homenageado repetidamente pelo mundo académico ibero-americano.

Juan Marchena era igualmente membro da Comissão de Acompanhamento do CHAM, investigador em vários projectos e membro de muitos júris de provas académicas e concursos de carreira. O CHAM será, por isso, sempre devedor da sua generosidade, da sua disponibilidade e do seu conhecimento profundo que nos ensinava e nos inspirava.

A sua obra historiográfica servirá de marco às próximas gerações, pelo modo como sempre articulou as informações disponibilizadas pela documentação ao conhecimento dos territórios e dos seus povos. A sua ligação intensa e apaixonada a Portugal culminou na responsabilidade de ter sido co-autor científico da candidatura luso-espanhola à proclamação pela UNESCO de um núcleo da documentação referente à expedição de Fernão de Magalhães e Sebastián ElCano como pertencendo à Memória do Mundo. Trata-se da primeira candidatura conjunta de dois países e a historiografia portuguesa não podia ter tido um melhor parceiro. 

Mais do que um excelente académico, Juan Marchena Fernández foi um extraordinário ser humano, sempre disponível para os outros, sempre empenhado em ajudar os que chegavam a Sevilha com uma mala de sonhos assim como os estudantes e os colegas espalhados pelo mundo que pertenciam à constelação dos seus estudos. A sua amabilidade e a sua jovialidade, a sua alegria de viver, ficarão para sempre nos nossos corações.

Nesta hora de lamento profundo e indescritível, o CHAM deixa ainda uma palavra de solidariedade e de carinho a Nayibe Gutierrez, sua esposa, nossa colega e nossa amicíssima."

João Paulo Oliveira e Costa