Início . 2011
Duração . 36 meses
Investigadora Principal . Susana Goulart Costa (CHAM)
Instituições
Entidade Financeira
Câmara Municipal da Ribeira Grande
Unidade de Investigação
CHAM — Centro de Humanidades
Instituição Coordenadora
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade Nova de Lisboa
Em 2013, foi inaugurado o Museu Vivo do Franciscanismo, localizado na cidade da Ribeira Grande, ilha de S Miguel (Açores). Este Museu instalou-se na igreja invocada a Nª Srª de Guadalupe, parte integrante do antigo convento franciscano desta cidade, fundado no século XVII. No século XIX, no contexto das nacionalizações do património imóvel das Ordens Religiosas portuguesas, o edifício conventual passou para a posse da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande, que para aqui transplantou os seus serviços hospitalares. Já no século XX, sob a tutela do Governo Regional dos Açores, o antigo convento continuou a apresentar uma funcionalidade ao nível dos cuidados da saúde pública, sendo actualmente ocupado pelo Centro de Saúde da Ribeira Grande.
Quanto à Igreja, ao longo das vicissitudes do século XIX, foi sendo utilizada para apoio à área hospitalar, nela se celebrando missa todos os domingos para os doentes internados. Ao longo deste período, o dinamismo religioso foi particularmente encetado pela Ordem Terceira dos Franciscanos, que manteve parte das suas actividades em curso, com particular destaque para a realização da Procissão dos Terceiros, que ainda hoje se efetua. Todavia, a partir de meados do século XX, a degradação da igreja foi sendo cada vez mais notória. Nos inícios da década de 1990, a igreja seria encerrada, tendo sido reaberta a 14 de fevereiro de 2013, precisamente com a inauguração do Museu Vivo do Franciscanismo.
Objectivos
A importância da Ordem Franciscana no arquipélago dos Açores é relevante desde os primórdios do povoamento insular, nos inícios do século XV. Com presença efectiva em todas as ilhas dos Açores e com conventos fundados em oito das nove ilhas açorianas (exceto na do Corvo), estes frades contribuíram para o projecto de evangelização específico da Idade Moderna portuguesa, no contexto da política do Império português.
Apesar desta preponderância, a memória da presença dos franciscanos por mais de 400 anos nestas ilhas portuguesas foi menorizada e pouco sobreviveu até á actualidade. A maioria dos edifícios conventuais, hoje nacionalizados e com múltiplas funcionalidades civis, não espelha a história dos seus fundadores e o percurso desta Ordem no arquipélago acabou por ficar restrita aos leitores das crónicas escritas nos séculos XVII e XVIII. Assim, o principal propósito do Museu Vivo do Franciscanismo foi resgatar a memória dos Franciscanos insulares, não apenas na ilha de S. Miguel, mas em todo o arquipélago. De igual modo, realçou-se o legado destes frades por via da sobrevivência da sua Ordem Terceira, que manteve vivo o espólio franciscano através da organização da Procissão dos Terceiros. Composta por mais de uma dezena de imagens de roca, cujo enredo conta a história de S. Francisco de Assis, esta procissão resistiu à incúria do tempo e ainda hoje se realiza todos os anos. Desta forma, as peças do Museu saem á rua anualmente e ganham vida na esfera pública, recuperando uma tradição secular.
Susana Goulart Costa . Coordenadora
Duarte Nuno Chaves (CHAM)
João Paulo Constância (Museu Carlos Machado)