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TRASH - Detritos humanos e o lixo marinho durante a primeira globalização: Perspetivas passadas e futuras sobre os oceanos
 

 

 

Código   .  2023.06860.CEECIND
Início   .   2024
Duração   .  72 meses
Investigador Principal   .   Ana Catarina Garcia

 

 

 

Instituições

 

Entidade Financiadora

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

 

Unidade de Investigação

CHAM — Centro de Humanidades

 

Instituição Coordenadora

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade Nova de Lisboa

 

 

 

Ao longo da época Moderna, o crescimento das cidades e vilas costeiras ou ribeirinhas levou à construção de diversas infraestruturas nas imediações dos espaços urbanos necessárias ao funcionamento dos portos. Tendo em consideração o crescimento das cidades portuárias, o projeto TRASH procura, através de uma abordagem transdisciplinar, identificar possíveis indícios da presença de poluição marítima durante a primeira globalização. Centrado numa geografia atlântica e do mar do Caribe são considerados casos de estudo as cidades de Lisboa, Angra e Funchal, em contraponto com Cartagena das Índias, na Colômbia, e Santa Cruz no México. A construção de aterros nas margens dos rios, juntamente com o desenvolvimento de manufaturas transformadoras, como a fundição de metais, a criação de estaleiros navais, curtumes, bem como a pesca e outras atividades marítimas, provocaram o aumento do movimento nestas zonas. Ao mesmo tempo, a descarga de resíduos urbanos nas zonas costeiras e os naufrágios levavam à deposição de cargas de detritos, como madeiras, cabelame, lixos vários, cargas ou corpos de animais e humanos. Além de serem considerados uma ameaça à navegação, por ficarem a flutuar ou acumulados no fundo, foram responsáveis pela deposição dos fundos marinhos de uma grande quantidade de nutrientes e metais pesados no meio aquático. O problema da poluição nos oceanos é hoje uma das principais preocupações ambientais da atualidade, considerada um problema ambiental e social global com impacto no planeta para as gerações presentes e futuras. As principais preocupações estão sobretudo relacionadas com presença de resíduos sólidos e tóxicos nos oceanos, como os plásticos, incluindo os microplásticos e os metais pesados. Mas as práticas humanas de abandono de detritos, tanto em terra e no meio aquático, são milenares, o que pode de alguma forma ter moldado as perceções sociais de “não dano” sobre o ambiente destes comportamentos. Desta forma, o TRASH pretende questionar estas práticas e dar o seu contributo para as Humanidades Azuis, para a literacia regional e global dos oceanos.

 

Objectivos

 

Através de uma abordagem transdisciplinar, entre a história, a arqueologia e a história ambiental, pretende-se compreender a forma como o lixo marinho era visto pelas sociedades ibéricas modernas. No contexto de uma administração local protagonizada pelo controlo municipal, procuramos entender de forma as perturbações no ambiente marinho ou as descargas de detritos no ambiente ribeirinho eram consideradas, e sendo um problema, de que forma era gerido. Analisando fontes locais, cruzadas com as normas transversais da época para os problemas da salubridade dos ambientes, pretende-se identificar os diferentes tipos de resíduos e quais os seus efeitos ambientais. Através dos dados arqueológicos pretende-se avaliar que tipo de resíduos podem ter sido responsáveis pela contaminação das massas de água em torno das cidades portuárias, originando o aumento da toxicidade e eutrofização dos ambientes aquáticos.