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Visualizar a diferença: Animais emblemáticos e histórias transculturais do conhecimento

 

 

 

Código   .  2023.06546.CEECIND

Início   .   2024
Duração   .   72 meses
Investigadora Principal   . Catarina Santana Simões (CHAM)

 

Instituições

 

Entidade Financiadora

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

 

Unidade de Investigação

CHAM — Centro de Humanidades

 

Instituição Coordenadora

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade Nova de Lisboa
 
 

Durante o período moderno, o estabelecimento de redes de poder e comércio entre a Europa, a Ásia e as Américas conduziu a um aumento significativo na circulação e no consumo de mercadorias não europeias. Animais selvagens vivos e partes processadas de seus corpos constituíam uma parte importante das mercadorias naturais importadas de outros continentes, sendo essenciais para a construção do conhecimento sobre a natureza não europeia e para a percepção europeia de lugares distantes. Alguns desses animais passaram a representar, para o público europeu, os locais de onde originavam (ou se pensava originarem), constituindo, assim, elementos essenciais para a representação dessas geografias.


Este projecto analisa o conhecimento europeu sobre estes animais com base num amplo conjunto de fontes materiais e escritas produzidas principalmente entre os séculos XV e XVII, focando-se, em particular, nos processos de produção de conhecimento e nos seus múltiplos participantes e entrelaçamentos. A pesquisa centrar-se-á nos animais que se tornaram símbolos de localizações geográficas específicas ou representantes das suas respetivas faunas. Focando-se nos múltiplos significados e conotações associados a estes animais, procurar-se-á compreender de que forma o conhecimento sobre a natureza influenciou a percepção europeia de outras partes do mundo e dos seus habitantes humanos e não humanos.

 

Objectivos

 

. Compreender as diversas formas como actores não-europeus participaram na produção do conhecimento sobre a natureza, e como suas percepções sobre animais e a natureza foram assimiladas; revelar as possíveis tensões associadas a essas trocas no quadro dos imperialismos europeus, e como diferentes visões sobre o mundo e a natureza foram negociadas e contestadas.

 

. Questionar o papel dos animais enquanto agentes de conhecimento, procurando evidenciar as diversas formas como os animais influenciaram as sociedades humanas; abordar as práticas (humanas) de bioprospecção, identificando animais que eram procurados pelos seus subprodutos, e reflectindo sobre os impactos ambientais desse consumo.

 

. Reflectir sobre o papel dos animais nas percepções e representações europeias sobre o resto do mundo, e nas construções culturais de categorias geográficas, desafiando as narrativas tradicionais sobre as "representações do outro", através de uma abordagem a estas representações como um produto de entrelaçamentos de ontologias e práticas europeias e locais.