PT EN
Seminário Permanente25.02.2022
Leitura e formas de escrita
16h00 | Auditório da Biblioteca Nacional de Portugal e online Leitura e alfabetização de grupos marginalizados no Brasil contemporâneo, por Ana Galvão (FaE - UFMG)

 

O trabalho tem como objectivo analisar as principais instâncias que possibilitaram a grupos marginalizados o acesso à alfabetização e à leitura ao longo do século XX no Brasil. Baseia-se em um conjunto de investigações que vêm sendo desenvolvidas no Grupo de Estudos sobre Cultura Escrita da UFMG. As pesquisas têm utilizado como principais fontes depoimentos orais, autobiografias, impressos "populares", dados censitários e documentos institucionais. A historiografia da leitura tende a concentrar suas análises nos espaços, suportes e objetos canônicos associados à formação de leitores: a biblioteca e a escola; o impresso; o livro e a imprensa. Em países como o Brasil, no entanto, de disseminação da alfabetização e da escolarização recentes, esses elementos podem ser insuficientes para se compreender a história da cultura escrita no País.

As pesquisas realizadas revelam que grupos tradicionalmente associados à oralidade e que, por muito tempo, encontravam-se dissolvidos em expressões que, por sua própria carga discursiva, tendiam a homogeneizá-los – como “povo”, “mulheres”, “dominados”, “excluídos”, “negros”, “nordestinos” – utilizavam táticas e, de maneiras particulares (nem sempre coincidentes com as que predominavam em outros grupos sociais “naturalmente” vinculados ao mundo letrado), inseriam-se em práticas de letramento e formavam-se leitores. Os modos participação dessas camadas da população no mundo da cultura escrita parecem estar muito mais vinculados a práticas orais de socialização do escrito, à circulação do manuscrito e a modos não-escolares de aprendizagem. O espaço da cidade, o trabalho, a família, a escola, o rádio, os movimentos sociais, as igrejas de diferentes denominações e outras instituições religiosas revelaram-se como os principais agentes de letramento.

 

Ana Maria de Oliveira Galvão, professora titular da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é actualmente investigadora visitante do CHAM, Universidade Nova de Lisboa, com financiamento da CAPES (Brasil). As suas áreas de pesquisa são a história da cultura escrita, a história da educação e metodologias da investigação. Doutora em Educação pela UFMG (2000), realizou um «estágio-sanduíche» no Institut National de Recherche Pédagogique (França, 1998-99) e um estágio sénior (CAPES) enquanto investigadora visitante na Northern Illinois University (EUA, 2012-13). É autora, entre outros, dos livros Amansando meninos: uma história da educação a partir da obra de José Lins do Rego (1890-1920) (1998); Cordel: leitores e ouvintes (2001); Preconceito contra o analfabeto (2007, em co-autoria); Território plural: a pesquisa em História da Educação (2010, em co-autoria) e Culturas do escrito, educação e história: percursos de formação e de atuação de uma professora/pesquisadora de universidades públicas brasileiras (2022, no prelo). Publicou, também, diversos capítulos de livros e artigos em periódicos.

 

 

Comissão Organizadora

Daniel Melo (CHAM)
Patrícia Santos Hansen (CHAM)
 

 

Organização

Grupo de Investigação «Leitura e formas de escrita»

 

Parceria

Grupo de Investigação «Cultura, história e pensamento ibéricos e ibero-americanos»

Biblioteca Nacional de Portugal

 

 

Cartaz (.pdf)

Abstract (.pdf)