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Espaços e vivências do período português no Norte de África: cidades e vilas do “Algarve de Além-Mar” (séculos XV a XVII)
 

 

 

Início   .   2016
Duração   .   36 meses
Investigador Principal   .   Jorge Correia (Universidade do Minho)

 

Instituições

Entidade Financiadora

Fundação para a Ciência e a Tecnologia
 

Unidade de Investigação Principal

CHAM — Centro de Humanidades
 

Instituição Coordenadora

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade Nova de Lisboa
 

Parcerias


Universidade do Minho

Laboratório de Paisagens, Património e Território / Universidade do Minho

 

 
 
 

Este projecto centra o seu campo de investigação no “Algarve de Além-Mar”, território que os portugueses dominaram na margem sul do Estreito de Gibraltar, uma região estratégica ao longo da história, por servir de ligação entre o Mediterrâneo e o Atlântico e entre a Europa e África. A presença portuguesa iniciou-se com a conquista de Ceuta em 1415, alargando-se no século XV a Alcácer Ceguer (Ksar Seghir), Arzila (Asilah) e Tânger (Tangier). Este foi também o ponto de partida para a expansão portuguesa ultramarina, funcionando como uma extensão natural da “reconquista” cristã da Península Ibérica e tendo um papel essencial na construção da história portuguesa de finais da Idade Média e inícios da Época Moderna. Esta realidade alterou-se em meados de Quinhentos, com o abandono de duas daquelas praças, conhecendo o seu epílogo em meados do século XVII, no contexto da Restauração.

 

Pesem embora os trabalhos pioneiros de Robert Ricard, David Lopes, Magalhães Godinho, Dias Farinha, entre outros, parece essencial fomentar uma nova abordagem à presença portuguesa nesta região: ler o território como fonte e documento para o conhecimento dos espaços e vivências. Este projecto pretende, pois, investigar e reflectir sobre a paisagem urbana e seus tecidos, os vestígios construídos e arqueológicos, de modo a propor uma “cartografia” material e imaterial das ditas quatro cidades. Seguindo esta linha de pesquisa, vários serão os aspectos relacionados com o tema central proposto: a apropriação de cidades árabes e muçulmanas por um novo senhor, os portugueses, e um novo credo, a fé cristã.

 

O projecto desenvolver-se-á segundo uma metodologia transdisciplinar cruzando conhecimento oriundo das áreas da história, arqueologia e arquitectura. Estes quatro campos principais devem ser entendidos numa relação estreita com ferramentas provindas das ciências da terra, da história da arte, da química e do desenho na sua forma a contribuir para uma revisão cabal da herança cultural de origem portuguesa no norte de Marrocos.

 

Adoptou-se também uma perspectiva que privilegie a troca de conhecimento e informação entre investigadores portugueses, marroquinos, espanhóis e franceses a trabalhar nesta temática. Uma perspectiva comparativa com os estabelecimentos espanhóis coevos na região é essencial. 

 

 

Objectivos

No que aos espaços construídos diz respeito, esta investigação passa pelo estudo da dimensão e forma das cidades, a sua disposição urbana, a evolução da arquitectura militar, os equipamentos públicos e os níveis de domesticidade, bem como as técnicas e sistemas construtivos inerentes. Por outro lado, as vivências requerem uma reflexão atenta à relação campo/cidade, à metamorfose social e à logística e abastecimento dos conjuntos urbanos, na sua articulação com as redes mediterrânica e atlântica. 

 

Todavia, os casos de estudo propostos apresentam material de trabalho assimétrico, implicando uma abordagem caso a caso. Apesar do projecto se dedicar às quatro cidades, Ceuta e Tânger dispõem já de informação importante. A primeira tem assistido à produção de estudos históricos, arqueológicos e urbanos, que necessitam, porém, de serem completados e integrados numa perspectiva global. A segunda constitui um caso de maior dificuldade de aproximação no que concerne à herança portuguesa, mesmo beneficiando de alguns levantamentos urbanos.

 

Por conseguinte Arzila, medina fortificada bem conservada mas com pouca investigação realizada, constitui uma boa base de trabalho para os objectivos expostos. Por fim, Alcácer Ceguer emerge como o caso chave para a interpretação do confronto islamo-português na apropriação urbana, por ser o único que se preservou como campo arqueológico, convergindo aqui todos os campos disciplinares deste projecto. Os contextos revelados pela missão arqueológica americana de finais da década de 70 carecem de aturada e diversificada análise e interpretação.

 

 

 

Membros
 

 

 
Jorge Correia   .   Coordenador
Abdelatif El Boudjay (DRCTT)

Alberto Darias Príncipe (ULL)

Ana Lopes (UMinho)

André Teixeira (CHAM)

António Bravo

António Manuel Clemente Lázaro

Fernando Enrique Villada-Paredes

Frédéric Trément

Gonçalo Correia Lopes (CHAM)

Helena Araújo

Javier Garcia Iñañez (GPAC / UPV)

Joana Bento Torres (CHAM)

Luis Salas Almela (UCO)

Luís Serrão Gil (CHAM)

Maria Augusta Lima Cruz (CHAM)

Patrice Cressier (CNRS)

Rafael Moreira (CHAM)