Início . 2023
Investigador Principal . Ronaldo Gurgel Pereira (CHAM)
Instituições
Unidade de Investigação
CHAM — Centro de Humanidades
Parcerias
Parco Archeologico della Valle dei Templi, Agrigento

Akragas foi fundada em ca. 580 a.C. por colonos dórios de Rodes e Creta que, no século anterior, haviam fundado a cidade vizinha de Gela. Ao lutar ao lado de Siracusa contra Cartago, a cidade prosperou logo após a batalha de Himera, em 480 a.C. A partir desse período, Akragas ficou conhecida pelo seu esplendor arquitetônico, especialmente pelos seus grandes templos dóricos em arenito. No seu auge, a pólis pode ter tido ca. 300.000 habitantes, e era cercada por mais de 12 km de muralhas de fortificação que incluíam nove portões.
A cidade foi atacada, sitiada e depois destruída pelos cartagineses em 406 a.C. Diodoro (13.80.1-2) descreve como dois estrategos cartagineses lideraram uma campanha na Sicília naquele ano. Segundo o relato, um deles, Annibas, terá morrido de peste, cabendo a Himilkon a captura da cidade, já abandonada. Os siracusanos concederam a cidade de Leontine aos refugiados de Akragas, que então haviam fugido para Gela (Diod. 13.89.2).
No âmbito das investigações arqueológicas realizadas desde o início da década de 1920, foram recuperados dados interessantes sobre as fases de destruição e acompanhamento da presença cartaginesa na zona de Agrigento. A borda oriental e meridional da colina Rupe Atenea é demarcada por um cume escarpado rochoso orientado no sentido Leste-Oeste. Seguindo o cume, encontra-se a muralha da cidade de Akragas e seu portão fortificado II (também chamado de “O Portão de Gela”.
Entre 1986-1989, uma nova intervenção arqueológica encontrou parte de uma ínsula (Insula I) que abrigava atividades artesanais e residenciais. O então chamado “Quarteirão Púnico” localiza-se a leste do cemitério monumental, orientado pelo eixo Nordeste/Sudoeste. No entanto, os limites longitudinais da ínsula ainda não estão definidos.
Este projecto aborda aquele pequeno bairro de classe baixa nas proximidades do Portão II – tradicionalmente chamado de “Bairro Púnico” ou “Quarteirão Residencial/Artesanal da Porta II”. Propõe-se um levantamento arquitetônico atualizado da ínsula para a protecção e conservação do antigo monumento, bem como a definição da extensão e estruturação da ínsula em relação à malha urbana.
Objectivos
O programa de investigação visa traçar um panorama geral do desenvolvimento urbano daquela área, com base na evolução dos modelos de arquitetura doméstica. O trabalho será organizado de acordo com o seguinte esquema geral:
1. Reconhecimento, análise e periodização dos dados de escavação já adquiridos, relativos aos vestígios mais antigos de edifícios de habitação privada na área urbana;
2. Análise e amostragem de técnicas construtivas relativas a alvenarias e revestimentos de pavimentos e paredes;
3. Definição das tipologias de habitações, das quais se especificará a organização e função dos espaços, extensão e distribuição em relação ao conjunto da área construída;
4. Datação dos tipos de habitações identificadas, também através de novas investigações arqueológicas destinadas a esclarecer a cronologia absoluta das fases de construção;
5. Estudo dos modelos culturais de referência para as tipologias construtivas e das modalidades de reelaboração dos mesmos em função das peculiaridades territoriais;
6. Elaboração de planos gerais e detalhados e reconstruções tridimensionais.
O resultado final da pesquisa será uma avaliação analítica, baseada no estudo detalhado dos edifícios e das estratigrafias associadas às diferentes fases de construção, do peso que os modelos italianos de construção doméstica no ambiente grego e púnico e do importância do património cultural territorial na elaboração de tipologias locais de edificação privada.
O quadro histórico-arqueológico mais geral das povoações cartaginesas do séc. IV a.C. no território siciliano, será de grande interesse o aprofundamento, através de novas investigações arqueológicas em extensão, da análise dos elementos que caracterizam esta fase de povoamento da antiga cidade de Agrigento.
Ronaldo Gurgel Pereira (CHAM)
José Carlos Quaresma (CHAM)
Maria Concetta Parello – Parco Archeologico e Paesaggistico Valle dei Templi, Agrigento – (Faculty Member, Unità Operativa V)
Martim Lopes (CHAM - Universitat Rovira i Virgili Facultat de Lletres, Espanha)