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De Todas as Partes do Mundo: O Património do 5.º Duque de Bragança, D.Teodósio I
 

 

 

Código   .   PTDC/EAT-HAT/098461/2008
Início   .   2009
Duração   .   48 meses
Investigadora Principal   .   Jessica Hallett

 

 

Websitehttps://arquivo.pt/wayback/20190901042047/http://www.cham.fcsh.unl.pt/ext/dteodosio/teodosio.html

 

Instituições

Entidades Financiadoras

Fundação da Casa de Bragança

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

 

Unidade de Investigação

CHAM — Centro de Humanidades

 

Parcerias

Fundação da Casa de Bragança

 

 
 
 

Um inventário extraordinário dos arquivos do palácio ducal de Vila Viçosa foi recentemente revelado. Nele, ao longo de mais de 1300 páginas, os bens do 5.º Duque de Bragança, D. Teodósio I (ca. 1507(?)-1563), são descritos pormenorizadamente, proporcionando-nos uma rara e surpreendente visão do mundo material de um arquétipo de príncipe do Renascimento português.



Nascido em meados do reinado de D. Manuel (r. 1495-1521), numa das mais poderosas famílias do seu tempo, D. Teodósio é amplamente conhecido pela sua elevada erudição e pelo seu interesse pelas artes. Os anos formativos da sua vida coincidiram com a rápida ampliação da visão europeia do mundo resultante das grandes navegações ultramarinas, e a sua educação formal foi ministrada por conhecidos mestres humanistas. Esta sólida preparação levou-o a adoptar os valores e gostos do Renascimento e, em última análise, a planear a fundação de uma universidade em Vila Viçosa, para a qual adquiriu uma impressionante biblioteca com livros impressos, mapas e manuscritos musicais. Reunia ainda achados arqueológicos e antiguidades, bem como obras de arte dos mais importantes centros de produção europeus e asiáticos do seu tempo. O duque foi também responsável pela renovação e extensão do seu palácio seguindo eruditos modelos italianos, numa clara demonstração da sua adesão ao que de mais avançado havia na cultura arquitectónica europeia de então.

 

Assim, o inventário do seu património proporciona-nos não apenas uma visão sobre os interesses culturais e intelectuais de um importante aristocrata do século XVI, mas também uma oportunidade para reconstituir a vida desta grande casa ducal no preciso momento em que Portugal se estava a transformar de um pequeno país na periferia da Europa num poder imperial ultramarino.



Numa primeira leitura, o inventário revela-nos uma casa repleta de uma magnífica riqueza e opulência, incluindo vários objectos de ourivesaria, joalharia, pedras preciosas, armas e armaria, vestuário, têxteis, tapetes, livros, pintura e mobiliário, vindos de todas as partes do mundo: de Espanha, Itália, Alemanha, Holanda, Flandres, Inglaterra, até Guiné, Marrocos, Egipto, Turquia, Irão, Índia, Sri Lanka, China, e até mesmo as Caraíbas e o Brasil.

 

Para além de documentar as riquezas e o esplendor internacional do palácio, o manuscrito faz igualmente menção a todos os bens de valor que aí se encontravam, desde os botões das camisas do duque, aos tachos e panelas da sua cozinha (e aos escravos que o serviam). Além disso, muitos dos bens são descritos com grande pormenor (incluindo a sua origem, materiais, cores, desenho e dimensões), permitindo comparações directas com objectos ainda existentes, nas colecções da Casa de Bragança ou outras. A cada objecto foi ainda atribuído um valor venal permitindo assim a construção de um quadro económico completo do património em causa. Por vezes, aparece mesmo registado o nome de quem fez, vendeu, ofereceu ou mais tarde comprou um dado objecto, podendo assim traçar-se também um quadro social dos bens em questão. Finalmente, a organização do inventário permite ainda a reconstituição do conteúdo de certas zonas do palácio, incluindo a capela, a casa do despacho, a mantearia, a armaria, a botica, a cozinha e os estábulos, transformando-o numa fonte preciosa para uma abordagem da história arquitectónica do palácio.

 

Este tipo de descrição completa e detalhada, combinada com a avaliação dos bens, confere a este manuscrito um estatuto muito raro no contexto dos inventários quinhentistas portugueses e mesmo europeus. Na verdade, trata-se de um documento excepcional, produto de uma série de eventos que levaram à produção de uma cópia (datada de 8 Março de 1665) que sobreviveu ao grande terramoto de 1755. Este documento nunca foi objecto de análise sistemática, permanecendo indisponível para a grande maioria dos académicos, dentro e fora de Portugal.

 

Objectivos

Este projecto procura produzir um retrato completo do palácio ducal de Vila Viçosa e do seu conteúdo ao tempo de D. Teodósio, trazendo-o à atenção nacional e internacional. Propõe-se fazer a transcrição, estudo e contextualização histórica deste inventário, por uma equipa interdisciplinar de investigadores, assim como a publicação completa do documento e dos respectivos estudos. O projecto envolve ainda a discussão e apresentação de resultados numa série de workshops e colóquios em Portugal e no estrangeiro. Além disso, a investigação contribuirá para o desenvolvimento de um programa cultural que incluirá uma exposição, um modelo virtual do paço de Vila Viçosa e concertos com a música do Duque. 

 

 

 

Equipa
 

 

 
Jessica Hallett   .   Coordenadora
Alexandra Curvelo (Nova FCSH)
Ana Lopes (CHAM)
Angelo Cattaneo (CHAM)
Bernadette Nelson (CESEM / FCSH/NOVA)
Celina Bastos (MNAA)
Henrique Leitão (CIUHCT / FC/UL)
Hugo Miguel Crespo (CH / FL/UL)
Inês Cristóvão (CHAM)
João Ruas (FCB)
Leonor Freire Costa (ISEG / UL)
Madalena Esperança Pina (FCM / NOVA)
Mafalda Soares da Cunha (CIDEHUS / UÉ)
Maria Antónia Pinto de Matos (MNAz)
Maria de Jesus Monge (FCB)
Nuno Senos (NOVA FCSH)
Nuno Vassallo e Silva (FCG)
Nuno Vila-Santa (CHAM)
Rui Dias Sena (NOVA FCSH)
Teresa Pacheco Pereira (MNAA)
Vítor Luís Gaspar Rodrigues (CH / FL/UL)