Os usos do passado, e em particular da antiguidade, pela sua espessura e permanência, fizeram-se sentir ao longo da história, refletindo a tessitura das narrativas apologéticas e ideológicas, muitas vezes laudatórias, mas por vezes críticas, urdidas em composições e numa retórica, que ajudaram a alicerçar a ordem, ou tão-só a visão sobre o tempo. Essa antiguidade, esse passado re-presentado, em várias expressões, na imagem, no texto, na música, reiteradamente e até à contemporaneidade, fazem parte da nossa mundivisão, assim compreendida pela receção, mediação e uso das suas representações, dos seus discursos e das suas materialidades. Compreender a antiguidade não se esgota, assim, na exiguidade da sua cronologia. Estudá-la é uma forma de compreender os tempos que a usaram e a integraram. Não é exclusivamente uma cronologia fechada em si mesma; é uma estratigrafia de significação cuja compreensão é essencial para compreendermos o tempo. A investigação que se cultiva e pratica neste grupo reflete a sua abertura epistemológica, através da transversalidade e da interdisciplinaridade dos olhares. Estuda-se a antiguidade para se compreender o tempo, qualquer que ele seja, e procura-se compreender o tempo para entender a forma como o passado é recebido, integrado e usado. A interdisciplinaridade, mercê do cruzamento da filosofia, da história, da literatura, da arqueologia, da história da arte, corresponde ao olhar transversal, abrangente e complexo, essencial para se entender o valor intrínseco da antiguidade em cada tempo e em cada presente.
José Carlos Quaresma
Coordenador
Ronaldo Gurgel Pereira
Vice-Coordenador
Francisco Caramelo
Representante na Comissão Permanente da Comissão Científica